assédio

Nota de repudio às atitudes machistas de estudantes da Poli-USP contra a estudante do Instituto de Biologia da USP

Diante dos atos cometidos por alunos do curso de engenharia civil da Escola Politécnica em 27/03/2015 no espaço do Centro Acadêmico da Biologia (CABio), o PoliGen vem por meio dessa nota declarar apoio às pessoas e instituições que foram lesadas por tais atitudes, bem como repúdio a esses atos.

Conforme informado pelo Coletivo Trepadeiras, da Biologia, estudantes da Escola Politécnica da USP foram ao CABio, danificaram grafites, tentaram levar um símbolo do CA, e ainda assediaram e ofenderam uma estudante do instituto. O PoliGen repudia veementemente cada uma dessas ações, pois acredita ser inconcebível que quaisquer estudantes se sintam no direito de ofender e invadir o espaço de uma mulher, além de danificar e tentar se apropriar de um símbolo de uma entidade estudantil.

Infelizmente, esse não foi o primeiro relato de atitudes abusivas tomadas por parte de alunos da P/oli-USP. Tanto em 2015 quanto em edições anteriores, atrocidades acontecem no contexto do Integrapoli e são ou menosprezadas ou abafadas em nome da preservação das instituições e tradições da Escola Politécnica.
É inadmissível que o teor opressor e agressivo do comportamento dos alunos seja relevado em nome de um contexto supostamente lúdico, inocente e festivo que toma conta da Escola Politécnica durante as primeiras semanas de aula (ano após ano) - o IntegraPoli. Esta competição que, embora tenha nascido com a intenção de opor-se positivamente ao trote violento, acabou desvirtuando-se e, na prática, tornando-se cenário ou mesmo justificativa para as mais repudiáveis atitudes: assédio, humilhação, perseguição institucional e pessoal, descaso com espaço e patrimônio conquistado por estudantes para estudantes.
A universidade pública é lugar de formação de profissionais e pessoas adultas e responsáveis por seus atos, lugar que deve primar pela ética e pelo esforço na superação dos problemas sociais pungentes, lugar onde atitudes discriminatórias, que expressam preconceito ou assédio não tenham lugar. Assim, entendemos que já passou da hora desse tipo de ocorrência não ser mais tratadas como "simples brincadeira".

Mais um ano passa e vemos que homens se sentem no direito de objetificar uma mulher e de oprimi-la por conta de seu gênero. Mais uma vez vemos o nome da Poli-USP ligado a atitudes machistas, mostrando que, ao contrário do que muitos dizem, o machismo ainda existe e persiste mesmo nos espaços de maior escolaridade e reflexão. Isso só demonstra o quão importante e necessária é a promoção de espaços de discussão sobre esse assunto.

Por fim, pedimos que essa atitude seja alvo de apuração e, se assim decidido, sanção, aos envolvidos por parte da Escola Politécnica. Das entidades acadêmicas politécnicas seria um avanço que se pronunciassem a respeito do caso de forma a entendermos se toleram/apoiam/incentivam ou não esse tipo de atitude no seio do corpo estudantil. Para além destas ações imediatas, é preciso atuar preventivamente, como por exemplo, através de campanhas sérias sobre machismo, preconceito e discriminação. Caso contrário, casos como esses continuarão acontecendo e se propagando dentro e fora da universidade, como vem acontecendo até hoje. Estas campanhas preventivas da violência precisam representar uma aliança institucional entre USP, Escola Politécnica e entidades estudantis.
No sentido de unir forças contra comportamentos que julgamos intolerantes e intoleráveis, o PoliGen se dispõe a atuar junto com o Coletivo Trepadeiras, se este concordar, a procurar a direção da Escola Politécnica, bem como as ouvidorias (da Poli e da USP).

Atualização: em 02 de abril recebemos a informação da Escola Politécnica da USP que foi aberta sindicância a respeito do assunto para apuração. Esperamos que haja docentes suficientes para instauração dessa sindicância - infelizmente isso não ocorreu no caso da tentativa de estupro de uma estudante da Engenharia de Produção. Esperamos ainda que a comissão de sindicância conte com a presença de pelo menos uma professora.