NOTA DE REPÚDIO À PRESENÇA DO MBL NA ESCOLA POLITÉCNICA
Às alunas e aos alunos da Escola Politécnica da USP,
A PoliGen vem publicamente expressar sua preocupação e seu repúdio à presença do Movimento Brasil Livre (MBL) no evento Politizados, promovido pelo Grêmio Politécnico, cuja temática é a “Nova Política”. Ainda que o MBL tenha grande visibilidade atualmente no contexto político brasileiro, em nada representa uma nova política que desejamos, mas sim a velha política, que precisamos superar.
É (velha) política do MBL propagar discurso de ódio e notícias falsas, como foi feito com a memória da ex vereadora Marielle Franco, executada no Rio de Janeiro [1][2][3].
É (velha) política do MBL não promover o pensamento crítico, como podemos lembrar pelas incursões do vereador Fernando Holiday “fiscalizando” aulas dos professores da rede pública para se certificar que ideias diferentes das suas não fossem ditas [4].
É (velha) política do MBL propagar discurso que aprofunda desigualdades de gênero e, novamente, notícias falsas, como quando Kim Kataguiri pôs em vídeo estatísticas distorcidas para afirmar que o feminismo de hoje é um “discurso de ódio” [5].
Nossa indignação com a presença do MBL relaciona-se sim com seu posicionamento político-ideológico porque os exemplos acima são ilustrativos da sua ideologia e de como esse faz política. Não temos medo de nos posicionar contra o MBL política e ideologicamente se isso significa nos posicionarmos contra promoção da exclusão social, contra incitação ao preconceito e contra propagação de notícias falsas como forma de engajar pessoas.
A justificativa do Grêmio Politécnico para a presença desse movimento no evento é a defesa da pluralidade de ideias e da liberdade de expressão. Entretanto, é evidente que houve uma escolha desses quatro grupos pelo Grêmio Politécnico, dado que existem outros grupos[6] sendo cotados como representantes de uma “nova política” e que não foram convidados. Então, além de duvidarmos do argumento puro e simples da necessidade da pluralidade de ideias, também entendemos como relevante pôr em debate quais são os limites da liberdade de expressão. Para nós da PoliGen, dar espaço e divulgação ao MBL não é promover a pluralidade de ideias e garantir a liberdade de expressão, mas dar voz a preconceitos que lutamos diariamente e há muitas décadas para desconstruir.
Por fim, avaliamos (em consonâncias com diversos outros coletivos e entidades da Poli) que não só o convite em si foi equivocado, mas também foi pouco democrático não dar ouvidos ao descontentamento manifestado com o evento.
Se a chapa Aproximação mantém o convite ao MBL, mesmo mediante todas as notas e manifestações de repúdio, só nos resta questionar sua representatividade como gestão do Grêmio Politécnico, órgão que deve representar os estudantes da Escola Politécnica que tem entre suas finalidades estatutárias “combater em favor dos direitos humanos e da democracia em todos os níveis”.
[1]
[2]
[3]
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/17/politica/1521318452_688519.html
[4]
https://www.youtube.com/watch?v=TgbEzoj3B0s
[5]
https://www.youtube.com/watch?v=AkO3Fj04qZ4
[6]